O ano de 2006/2007 trouxe, também, até mim alguns alunos que admiravam muitíssimo Fernando Pessoa e os seus Heterónimos.
Para além de textos e apresentação de trabalhos escritos, surgiu também uma tela elucidativa da figura de Fernando Pessoa e dos seus Heterónimos, intitulada "Ele e os Outros Ele".
Vou deixar neste espaço a tela pintada pela Mariana Chaves e o texto que ela escreveu sobre Fernando Pessoa, antes de eu dar o autor.
É um texto lindo, que mostra de forma muito clara a sua admiração, o seu encanto por esta personalidade tão extravagante, tão imprevista da nossa literatura.
Fernando Pessoa: um louco que sonha alto ou um génio desmedido?
Fernando Pessoa aos olhos da sociedade de que fazia parte era um louco, mas o mesmo Fernando Pessoa, hoje, na nossa sociedade e na nossa literatura é um génio. Um génio que deu à alma uma vida própria, deixando que esta, aliada ao subconsciente e à escrita, criasse um mundo novo, em que se refugiava com o seu cigarro, o seu café e a sua cachaça, todas as tardes.
E em cada poema deixava um pouco que dizia não ser seu ("Como se lhe fosse ditado", escreve), mas de outros homens: Vicente Guedes, Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos ou António Mora. Todos eles habitam o dito mundo, e este, por ser criado numa só mente e por um só ser humano, podia ser limitado, pequeno, quase uma minúscula cidade; mas não; Fernando Pessoa criou um universo tão intenso, tão vasto que os seus habitantes, em cada poema, actuavam como uma longa-metragem ("alguns conheceram-se uns aos outros; outros não").
Desta forma, cada uma destas personagens, correspondia a um estado de espírito, a uma disposição, a uma aura do génio, "Tenho, na minha visão a que chamo interior (...) plenamente fixas, nítidas, conhecidas e distintas, as linhas fisionómicas, os traços de carácter, a vida, a ascendência, nalguns casos a morte destas personagens".
E se cada uma delas tinha a sua importância, Álvaro de Campos era sem dúvida aquela que se destacava. Talvez quando esta entrava em cena (pelas letras cuidadosamente conjugadas em versos), Pessoa estivesse num estado de semi-consciência, de transição, de passagem entre o sonho e o real, entre a Terra e o mundo da poesia que ele próprio criara.
Nessa altura, escapava um pouco de si próprio, ("do autor humano destes livros"), para o papel e por entre as linhas ter-se-ia reconhecido algumas vezes: "A mim pessoalmente, nenhum me conheceu, excepto Álvaro de Campos".
Desta forma, conhecê-lo a ele, ao Poeta, pode ser mais fácil se se delimitar nos poemas deste último heterónimo, onde acaba quem se diz autor dos mesmos, e onde começa o realizador, o génio desmedido ou "Louco que sonha alto", que foi Fernando António Nogueira Pessoa.
Conhecê-lo é não ler cada palavra escrita por seu punho, só por olhar, é perceber o significado de cada uma em si mesma, enquadrando-a no pensamento, no espírito e no dia-a-dia de quem a escreveu. Esta não é, porém, uma tarefa fácil, exige perspicácia, informação e conhecimento.
Conhecer Pessoa é apercebermo-nos da vida, da vivência, da vitalidade e da vivacidade que ganha cada rima no seu contexto. Mas afinal, tal como questionara o poeta "O que é a Vida?"...
FIM
Multipliquei-me, para me sentir
Para me sentir,
precisei sentir tudo,
Transbordei,
não fiz senão
extravasar-me,
Despi-me, entreguei-me,
E há em cada canto
da minha alma
um altar
a um deus diferente.
Fernando Pessoa
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