Sábado, 22 de Dezembro de 2007
Sexta-feira, 21 de Dezembro de 2007
Poema de Natal
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes
Chove. É dia de Natal
Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.
Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.
Fernando Pessoa
Natal
Velho Menino-Deus que me vens ver
Quando o ano passou e as dores passaram:
Sim, pedi-te o brinquedo, e queria-o ter,
Mas quando as minhas dores o desejaram…
Agora, outras quimeras me tentaram
Em reinos onde tu não tens poder…
Outras mãos mentirosas me acenaram
A chamar, a mostrar e a prometer….
Vem, apesar de tudo, se queres vir.
Vem com neve nos ombros, a sorrir
A quem nunca doiraste a solidão…
Mas o brinquedo… quebra-o no caminho,
O que eu chorei por ele! Era de arminho
E batia-lhe dentro do coração…
Miguel Torga
Sexta-feira, 14 de Dezembro de 2007
O Mundo de Sofia é um romance filosófico que nos conta a história da Filosofia ao longo dos tempos.
A personagem principal desta história é Sofia Amundsen, uma estudante, prestes a fazer quinze anos. Certo dia, Sofia começa a receber cartas anónimas e inicia, assim, um curso de Filosofia por correspondência. O seu professor, Alberto Knox, é um homem de meia-idade que, no desenrolar da diegese, se torna o seu melhor amigo.
Através deste curso de Filosofia, Sofia viaja até seiscentos anos antes de Cristo, onde encontra os primeiros filósofos e, a partir daí, segue o rumo da história dos Homens e o evoluir da mentalidade e do pensar filosófico. Ao mesmo tempo que o curso de Filosofia se vai desenvolvendo, Alberto e Sofia vão-se apercebendo da existência de outra realidade para além daquela em que vivem, pois Sofia recebe, desde o início das suas lições, postais vindos do Líbano, enviados por um contingente da ONU, Albert Knag, à sua filha, Hilde, e que este sabe de tudo o que se passa nas suas vidas.
O professor de Filosofia e a sua aluna apercebem-se, então, que fazem parte do imaginário de Albert Kang e que a sua realidade não passa de uma história escrita pelo major para a sua filha Hilde como presente de aniversário, pelos seus quinze anos, feitos no mesmo dia que Sofia.
Hilde recebe, então, no seu dia de anos, o grande dossier com a história de Sofia e Alberto e da sua grande aventura pela Filosofia.
Aparecem, entretanto, na mesma realidade de Sofia Amundsen e Alberto Knox, personagens como Adão e Eva, Noé, Capuchinho Vermelho e Winnie The Pooh, todas elas criadas um dia por alguém que lhes era superior e lhes restringia a existência a uma simples história, dando, ao mesmo tempo, lições de moral a Sofia e, portanto, a Hilde.
No final, Sofia e Alberto “libertam-se” da história escrita pelo major, e continuam a viver numa realidade paralela à da existência de Hilde e Albert Knag, observando-os, quando Albert chega do Líbano. Hilde sente que Sofia está ali, com ela e com o pai, enquanto este lhe conta a história do Universo.
Opinião acerca da obra
Valeu a pena ler esta obra porque nos faz reflectir sobre os mistérios da existência e faz com que, a partir do momento em que a lemos, não sejamos indiferentes àquilo que nos rodeia. Para além de nos ajudar a compreender algumas das questões que sempre afligiram o mundo, através das respostas a elas dadas pelos filósofos ao longo da história da Filosofia, esta história faz-nos desligar da vida quotidiana e da categoria dos apáticos face aos enigmas da experiência.
Bárbara Patrão, 10º F
Toda a história se centra em duas pessoas, Luís, o guarda da praia, mais conhecido por Dunas, e a rapariga que deixa a sua cidade por uns tempos, com a finalidade de, naquela aldeia, encontrar a paz e o sossego possíveis para a escrita do seu livro.
Pouco tempo após a sua chegada, ela é surpreendida pela visita sistemática de Dunas.
Sem muita confiança, tenta convencê-la a deixar de escrever o seu romance, para optar por um texto que fale do mar. Com o passar dos dias tornaram-se grandes amigos e confidentes.
Aparecia e desaparecia quando queria, de um momento para o outro, da forma mais instantânea possível.
Apesar da cumplicidade entre os dois, ela não sabia nada sobre ele, curiosidade não lhe faltava, tinha era medo de tocar em assuntos ditos como “proibidos”, mas há medida que o tempo foi passando a escritora conseguiu as respostas que procurava.
Conseguiu respostas e muito mais, e quando acabou o livro, doeu saber que tinha que regressar à cidade, onde não havia um Dunas a invadir a casa quando menos esperava e a dizer tudo o que tinha a dizer.
Dunas disse-lhe que a morte doía, que quando as pessoas de quem gostamos nos deixavam é que damos pela sua falta e percebemos o verdadeiro significado que elas têm para nós.
Concordando com tudo isto, a escritora decidiu voltar, no Verão seguinte, para poder mergulhar sem medo, no imenso mar que com ele conhecera e juntos contarem tudo o que havia de novo e reviverem bons tempos.
Chegada essa altura, Dunas já não estava, tinha ido embora, para bem longe, mas prometera voltar para lhe contar tudo e ler o seu livro. No entanto, nunca era certo se ele iria mesmo voltar...
Opinião acerca da obra
É sem dúvida um livro que nos parece familiar, talvez muitas das nossas histórias, boas ou más experiências estão aqui retratadas.
Mostra-nos que nem tudo na vida é perfeito, os bons momentos são passagens, são curtos e que, como tudo na vida, têm um fim.
Nada nem ninguém surge por acaso, por uma simples coincidência.
Vanessa Jerónimo, 10º F
Quinta-feira, 13 de Dezembro de 2007
É uma obra inserida num género literário que parece ser o da preferência do autor: o conto.
Estórias de desamor, de desencontros, de incompreensões, de vidas incompletas, de sonhos não realizados, são afinal histórias breves da humanidade, que se condensam em cada ser humano.
Com uma linguagem trabalhada, confirmando o que o autor disse de si mesmo: “conto estórias por via da poesia”, é também um livro onde o autor emprega, mais uma vez, os seus neologismos, que são agora chaves de interpretação, obrigando o leitor a repetir a sua leitura e a formular hipóteses de sentido. São palavras recém-criadas que suportam uma quantidade ínfima de significados.
Um bom exemplo de neologismos é a história Saia Almarrotada, querendo o adjectivo do título dizer ‘amarrotada’.
Observamos uma realidade muito mais aprofundada, ou seja, é uma personagem que tem a alma como a saia, além de rota, amarrotada, esquecida e condenada à não existência, sem valor.
Terminada a leitura, fazemos uma apreciação completamente diferente, podendo concluir que a referência à saia não é mais do que uma alusão à vida da mulher (“agora, estou sentada olhando a saia rodada, a saia amarfanhosa, almarrotada. E parece que me sento sobre a minha própria vida”).
São vinte e nove contos unidos como missangas em redor de um fio, que é a escrita encantada de um consagrado fabricador de ilusões.
Opinião acerca da obra
Gostei imenso de ler este livro!
Ao início não me despertou grande interesse, talvez pelo facto de se inserir num género literário que não seja frequente eu ler. Apesar disso, cativou muito a minha atenção.
Penso que não é um livro para ler durante uma semana, pois como é um conjunto de “estórias” devem ser lidas cada uma em dias diferentes.
Ao fim de as lermos, pensamos e reflectimos sobre elas… E não são as mais felizes, mas na vida nem tudo é perfeito! Faz-nos ver e compreender como é o continente africano, uma viagem que faço nos livros, já que ainda não tive oportunidade de a fazer na “vida real”.
Vanessa Jerónimo, 10º F