Não existe uma linha mestra para caracterizar a palavra liberdade. Apercebemo-nos, sim, que é algo incapaz de se definir, pois cada um é como cada qual e as opiniões divergem. Mas, contextualizando no Mundo em que vivemos, liberdade será, de uma forma geral, a condição de um indivíduo não ser submetido ao domínio de outro e, por isso, ter pleno poder sobre si mesmo.
Liberdade para escolhermos e para decidirmos o nosso futuro, as nossas escolhas, para podermos expressar a nossa opinião acerca de um qualquer assunto que esteja a ser exposto na praça pública ou até mesmo no interior das nossas casas. Mas o que fazemos nós com a liberdade que nos é concedida? Pensamos que onde há escolha há liberdade. Mas a escolha dá liberdade? Na sociedade actual vemos constantemente vidas destruídas, crianças abusadas, guerra, escravidão... Será que essas pessoas escolheram viver assim? Será que apenas não são livres porque não podem, ou porque se restringiram à liberdade que lhes foi concedida? Claro que uma criança, que é vítima de maus-tratos e abusos, nunca terá a capacidade de expandir a sua liberdade, pois desde cedo foi forçada a abdicar do direito de querer ou não ser livre. Nessas sociedades as pessoas são reprimidas e controladas, devido às escolhas de terceiros. Então são colocadas por todo mundo as seguintes questões: “Por que temos que escolher? Então, o que é liberdade? É algo que se baseia na opção?” Se for assim, a liberdade não existe, pois ao expandirmos a nossa liberdade estaremos a reprimir a liberdade dos outros. Mas onde está a liberdade? Se não está no que escolhemos, também não está no que fazemos, porque para fazermos temos de escolher.
Na minha opinião, a liberdade começa dentro de nós, não tem nada a ver com a liberdade individual, ou seja, aquela onde queremos mostrar ao mundo a nossa opinião, nem a liberdade exterior, onde o mundo nos impõe uma independência com limites. Não. No interior de cada um de nós tem de ocorrer a vontade de sermos totalmente livres, de não termos receio das provações futuras e das consequências do passado. Desobstruir a nossa mente de medos, ansiedades, desesperos e das mágoas e feridas que sofremos.
Se a nossa mente estiver poluída com tais pensamentos, não seremos livres, pois o nosso espírito estará ligado a imagens e essas irão obrigar-nos a estabelecer escolhas. Então, o que é liberdade? É fazer exactamente o que queremos?
Temos de começar a compreender a grandeza da liberdade; precisamos começar com aquilo que está mais perto: nós mesmos. A liberdade não é algo que se adquire, é algo que nasce connosco e que a nós e só a nós cabe compreender. A grandeza da liberdade, a verdadeira liberdade, está em nós mesmos quando a ordem é completa. E essa ordem só vem quando somos uma luz para nós mesmos. A capacidade de expressarmos as nossas ideias pode-nos ser negada, mas, enquanto lutarmos para sermos livres, um dia ela acabará por nos ser concedida; cabe a cada um de nós expor a possibilidade e encararmos as dificuldades dessa mesma decisão.
“O mais livre de todos os homens é aquele que consegue ser livre na própria escravidão.” (François Fénelon)
“Só é digno da liberdade, como da vida, aquele que se empenha em conquistá-la.” (Johann
Goethe)